Mia Couto e a Memória

Por Urariano Mota.

O texto que vocês vão ler saiu a fórceps. Primeiro porque existe, ou deveria haver, uma solidariedade natural entre escritores, que vem como um encontro de pacientes em uma sociedade oculta: é natural que nos protejamos do meio externo que não é bem acolhedor para a poesia e a escrita, essas coisas nada práticas. Segundo porque há mesmo uma solidariedade mais nobre entre literatos, ou um sentimento que nos faz sair da própria pele e caminhar além dos interesses mais particulares, mesquinhos: os companheiros de jornada expressam e vivem o que acreditamos estar entre os valores mais altos do homem – o enfrentamento, o gozo e a verdade da literatura. Se possível, na ordem inversa.

Agora vocês vão saber a razão do parágrafo anterior, que os manuais de redação dos jornais chamariam de “nariz de cera”. Quando Mia Couto veio a Pernambuco, pela primeira vez em 24 de outubro, fui a sua palestra na UFPE com muitas e grandes esperanças. Eu e mais leitores iríamos ganhar o prazer de um espetáculo melhor que o teatro ou o cinema, que vinha a ser a palestra de um escritor de reconhecimento universal. Ótimo, e passei a adiantar as tarefas do dia, pela manhã, para chegar a tempo. Mas já na saída de casa, o editor do Vermelho, o jornalista e escritor José Reinaldo, me sugeriu por email que eu poderia fazer uma entrevista com o grande moçambicano. Já estava ali, não era? Ao que lhe respondi: “eu imaginava que fosse me distrair, mas tudo bem, a gente descansa carregando pedra”. E assim fui, ledo e tarefado para ver Mia Couto e entrevistá-lo, se possível nessa ordem.

Apresentou-se no auditório lotado um escritor simpático, a falar baixo, no efetivo exercício de um ator experimentado com o seu papel. Ele, diante das inumeráveis manifestações de apreço, aplausos, sussurros irreprimíveis do público feminino, numa predisposição geral para aprovar o que ele houvesse de falar, me lembrava o tempo todo da frase de Borges, que assim falou ao receber saudações entusiasmadas nas ruas de Buenos Aires: “eles acenam para uma pessoa que pensam que sou eu”. Então anoto um rascunho enquanto o escritor fala, entre o tumulto e a unânime aprovação.

Mia Couto ao falar, como escritor, conta histórias, narra casos, em vez de organizar ideias abstratas. O que é do gênero de narradores, observo hoje, no texto presente. Mas criadores, bem sei também, são homens plenos, não são aleijões refratários a juízos que transcendam o enredo de pessoas e personagens. Pelo contrário, nos seus escritos se dá a iluminação de um pensamento que fortalece e dá substância eterna ao fato narrado, que seria um fato ultrapassável na crônica do tempo. Por isso agora me pergunto, ao refletir sobre a sua palestra: não seriam esses casos engraçados, jocosos, anedóticos, não seriam tais estímulos ao sorriso uma corte ao público? Voltemos então ao que anotei em 24 de outubro: Mia Couto conquista o auditório com o seu bom humor e ares de se dar pouca importância a si mesmo. O que é ótimo para a veste própria do escritor bom camarada. Pois o que ele escreve deve ser agradável como a sua pessoa, um ser a que chegamos sem as pompas e a gravidade que dizem merecer os autores de textos fundamentais. Não é? Um Camões com a camisa do Sport Clube do Recife. Um Saramago simpático chocarreiro. Pois. Então Mia Couto, entre a simpatia e a leveza, fala e constrói uma intervenção mais grave, que, apesar da aparência de convívio para a paz, me abala como um soco no estômago. Ele diz:

– Vi que anunciaram que eu falaria aqui sobre Literatura, Identidade e Memória. Mas não me preparei, não tive tempo de me preparar. Ou me enganei, ao pensar que me esperava um tema contrário. Penso que seria melhor eu falar sobre Esquecimento. Nisso eu me apoio nos recentes acontecimentos da história do povo moçambicano. Em Moçambique, achou-se melhor o esquecimento dos traumas da guerra. Isso foi uma estratégia para a paz. Para continuarmos a nossa caminhada sem mais guerra.

Ou como registrariam os jornais do outro dia:

Bem-humorado, o escritor contou que pensava que o tema da palestra tratava de Literatura e Esquecimento, ao invés de Identidade e Memória. “Cheguei a certo ponto de minha vida que penso ser melhor esquecer que lembrar”, declarou ele, citando como o processo de esquecimento havia sido importante para que Moçambique superasse a Guerra Civil que assombrou o país durante 16 anos, no sentido de não se manter antigas rivalidades. Ao dizer que o passado era uma construção do que as pessoas inventavam para si próprias, Mia destacou o esquecimento como um caminho para a formação de identidades, deixando claro que cada indivíduo possui identidades plurais”.

Uma frase tão dura, esta de esquecer para alcançar a paz, era mais que um soco, eram balas contra um coração essencial. Por um lado, ela bem mostrava que Mia Couto não era só o bom anunciador de um novo tempo. Por outro, pior, a frase vinha contra o poder de criação da identidade da literatura, no mesmo passo em que introduzia a pacificação entre ofensores e ofendidos, depois da guerra. Se é que o fogo lento entre brasas ocultas não continuasse a velha guerra, entre minas a explodir. Daí que ao ser franqueada a palavra ao público, que se esperava ser tão só de admiradores, pedi o microfone. E com um tom sem pontuações e desorganizado, vi-me obrigado a romper o clima de confraternização do encontro na universidade. E nervoso, falei mais ou menos o que se segue:

– Mia, você afirmou que no processo de reconstrução de Moçambique se adotou o esquecimento como estratégia para a paz. Você, como escritor, deve escrever melhor do que fala. A sua frase, de esquecer para a paz, é muito perigosa neste momento do Brasil. Aqui estamos em pleno instante da Comissão da Memória e da Verdade. Nós não podemos esquecer, Mia. Note que mesmo o esquecimento, qualquer esquecimento, não é absoluto. Como poderemos esquecer os crimes da ditadura? Pelo que você fala, não teria havido o Tribunal de Nuremberg, nem mais caça aos criminosos nazistas, porque estariam todos esquecidos. Talvez você tenha querido dizer outra coisa, e não foi feliz. É isso.

E voltei ao meu lugar, sob um pesado silêncio e consternação do público. Lembro que o escritor, em resposta, reconsiderou na hora o que ele havia dito, que não havia feito um juízo de valor sobre o processo de Moçambique, apenas contara o que houve e mais nada. E passou para outra intervenção dos fãs, que eram em número absoluto. Mas não esqueceu a divergência, porque na consideração seguinte brincou:

– Eu tenho que ter muito cuidado com o que falo.   

A mesa, a condução da mesa, sorriu e riu alto, por mais uma tirada espirituosa do brilhante escritor. Que foi para assuntos mais “humanos” e amenos, enquanto eu me guardava na obscuridade de onde não deveria ter saído, pelo clima do auditório e da mesa. Mas eu tinha que cumprir a tarefa de José Reinaldo, o editor do Vermelho. E fui e consegui a entrevista, num esforço máximo.

O problema é que a entrevista com Mia Couto depois não se fez sem um certo embaraço. Pior para mim. Vocês sabem aquela situação em que uma pessoa comete uma falta, e a vergonha maior é nossa? Então entendem que eu me sentia sem forças de escrever e publicar a breve entrevista que ele me deu, em meio à tietagem e ruídos e fotos de todos os lados. O que ele me disse ali, depois da palestra, no pátio da Escola de Educação, se tornou irrelevante, absurdo, diante do fato maior, do esquecimento que deveria haver para se conseguir uma paz duradoura. Voltei à pergunta que lhe fiz no auditório, e ele, cordato, admitiu que havia sido infeliz, e falamos de coisas menos definitivas e definidoras. Entre outras, eu lhe perguntei sobre escritores brasileiros que mais o influenciaram, a que ele deu a resposta “João Cabral de Melo Neto”. Estávamos em Pernambuco.

E o texto até aqui, até hoje engasgado sem sair. Eu seria falso, mentiroso, se escrevesse e publicasse as suas palavras sem o incidente da palestra. Eu seria esquecido, digamos. Por outro lado, o escritor é tão camarada, tão pacífico, tão… indefeso, que seria uma injustiça tremenda revelar, relevar uma frase errada, numa hora errada, num contexto errado. Frase que era uma coisa menor, uma contradição no seu ofício. Por que destacar o tropeço? Ele caiu e se levantou. Um acidente superado, eu pensava. Mas o conflito não se resolvia: publicar esquecendo? Publicar ocultando?

Eis que ele volta a Pernambuco para a Fliporto em novembro. No dia 17 ele esteve em um encontro e palestrou ao lado do escritor Agualusa. O auditório mais uma vez lotado. Assisto à sua palestra em um telão exterior. E sem aviso, eis que Mia Couto volta ao tema da memória, aquela que esquece para obter a paz. Ou como o traduziu o portal G1:

Durante a conversa, respondendo a diversas perguntas da plateia, o único ponto em que houve discordância foi a respeito da memória. Para Mia, há a possibilidade de ela ser esquecida para evitar erros do passado. Para Agualusa, ela precisa ser encarada de frente. Mia se justifica lembrando da Guerra Civil de Moçambique, que durou 16 anos e deixou 1 milhão de pessoas mortas. “Depois, nunca mais se falou no assunto, como uma esponja que tirou isso da memória. […] As pessoas decidiram colocar a tampa, para os demônios não regressarem. Isso é um desejo maior, que era o desejo da paz”, comentou. “Não faço apologia do esquecimento, mas no caso de Moçambique foi a solução encontrada. A literatura resgata esse tempo e pode fazer essa visita sem apontar dedos ou culpas”, completou.

Na hora de 17 de novembro faço anotações no papel. Escrevo:

“A memória é mulher. Ela não esquece. Mia assume a deslembrança de Moçambique. Mia faz relativismo quando fala que a memória recorda também mentiras. Tese cara à mídia reacionária. ‘A lembrança da África é fundada sobre estereótipos vitimistas…’, ele fala, como se fosse um português envergonhado do passado colonial. Mia confirma a palestra da UFPE também, quando faz declarações com frases de efeito, dignas de um artista do entretenimento. ‘A ditadura da realidade é a pior ditadura que podemos ter’, ele diz. A fantasia do distinto público vai ao delírio”.

E aqui chego ao fim, ou melhor, faço uma pausa à maneira de terminar. Creio que o leitor deve compreender a esta altura a razão de não ter publicado antes a entrevista. Atravessada, há mais de dois meses. Somente espero não ter me tornado também, nestas linhas, um esquecido.

***

Urariano Mota é natural de Água Fria, subúrbio da zona norte do Recife. Escritor e jornalista, publicou contos em Movimento, Opinião, Escrita, Ficção e outros periódicos de oposição à ditadura. Atualmente, é colunista do Direto da Redação e colaborador do Observatório da Imprensa. As revistas Carta Capital, Fórum e Continente também já veicularam seus textos. Autor de Soledad no Recife (Boitempo, 2009) sobre a passagem da militante paraguaia Soledad Barret pelo Recife, em 1973, e Os corações futuristas (Recife, Bagaço, 1997). Colabora para o Blog da Boitempo quinzenalmente, às terças.

10 comentários em Mia Couto e a Memória

  1. Essa mania que tenho de ler tudo que você escreve, Urariano, e aqui estou, decepcionada, desiludida. Eu que considerava Mia Couto um escritor moçambicano, negro. Negro, sim porque pra mim negro não é cor de pele, mas sim um estado de alma quando se trata de pessoas. Perplexa me dou conta de que ele não é moçambicano, é português, como você diz. quem sabe arrependido, envergonhado do que Portugal fez em Moçambique. E contraditório sim.
    Existe um Mia Couto nos livros e outro nas palestras.
    Que mal você me fez, Urariano!!! várias amigas minhas, umas seis, nos reunimos e falamos, falamos, comentamos sobre ele, sobre cada conto de “O Fio das Miçangas”, das “Histórias Absonhadas”, sobre “Terra Sonâmbula” “E Se Obama fosse Africano?” e você vem me provar que esse MIa dos livros é outro…Quem sabe nem exista…
    Como pode quem escreveu tudo isso e muito mais desprezar a memória? Pois se ela é que nos leva a relembrar os erros cometidos e a procurar melhorar, a não cometer os mesmos erros?
    Como pode Moçambique esquecer as atrocidades que os portugueses lá fizeram? como podemos esquecer o que os torturadores nos fizeram na época da ditadura?
    É…pensava que Machado, Dostoiévski, Balzac, Proust… tinham me estragado e parava por ali. Mas agora vou ter de rememorar e ver o estrago que você fez em minha vida . E quando estiver com minhas amigas vou poder esquecer o que você conta aqui, como seria o que ele sugeriria? Jamais. JAMAIS!
    Abraços

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  2. Emilia M. de Morais // 29/11/2012 às 2:37 am // Responder

    Não estive no debate da UFPE mas na Fliporto onde as divergências relativas à memória entre Mia Couto e J. E. Agualusa foram abordadas superficialmente; nos limites daquele tempo-espaço, diante de um público tão diversificado, não poderia ter sido diferente. Tentando menos julgar e mais compreender o que os separa nessa polêmica questão, arrisco uma opinião. As posições dos 2 escritores divergiram, talvez, porque diversas foram as tragédias políticas em seus respectivos países. Em Angola, a guerra civil, iniciada em 1975, com breves períodos de paz, se estendeu até 2002 e deixou um saldo de 500.000 mortos. Em Moçambique, o saldo de mortos foi o dobro (cerca de 1.000.000), para um período bem menor de guerra civil, 1976-1992. A violência na África lusófona do lado do Índico foi muito mais intensa do que do lado do Atlântico; o trauma social em Moçambique, com maior densidade demográfica e uma área geográfica 1/3 menor do que Angola, deve ainda ser mais difícil de suportar e, por isso mesmo, de encarar. Assim, o silêncio moçambicano pode ser compreendido como uma espécie de estado de choque histórico que ainda perdura.

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  3. Emilia M. de Morais // 29/11/2012 às 3:42 am // Responder

    Adendo: Quanto aos “estereótipos vitimistas”, apesar da mídia reacionária, qual historiador, hoje, negaria o papel ativo dos próprios africanos na captura, no transporte e na venda dos escravos? Não quero com isso diminuir e sequer relativizar a responsabilidade dos comerciantes ou dos proprietários de escravos europeus ou nativos de norte a sul do nosso continente!

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  4. Apesar do significado da palavra “Anistia”, não gosto da idéia do esquecimento absoluto. Também desgosta-me a idéia de vingança, ajuste de contas. Não tenho uma visão punitiva da justiça. Agrada-me muito (talvez por desinformação, confesso) o processo da África do Sul, um processo de reconciliação nacional, no qual os que cometeram crimes ligados ao “Apartheid” relatam seus crimes, desvendam mistérios, tudo isto diante dos familiares ou vítimas do sistema de segregação. À época da Anistia, fui contra ela ser “Ampla, Geral, Irrestrita e Recíproca”, contudo ela ocorreu e permitiu que avançássemos, não quero a revogação da anistia, como parece ser o caso da maioria dos que integram as comissões da verdade. Acredito no processo da África do Sul porque considero que o verdadeiro perdão exige três condições por parte de quem o pede: reconhecimento de responsabilidade ou culpa; arrependimento sincero; e reparação possível.

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  5. Emilia M. de Morais // 30/11/2012 às 12:40 am // Responder

    Palavras um tanto ambíguas de Mia Couto sobre a guerra e o esquecimento (entre o sábio e o falso):
    “Os moçambicanos escolheram o esquecimento. Quem hoje viaja pelo país não sente sinal nenhum dessa guerra. Esse esquecimento é uma sabedoria, uma percepção de que os demônios do passado ainda não foram enterrados. Mas é um falso esquecimento, como quase sempre sucede com os lapsos de memória”.
    Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq2306200913.htm

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  6. Moçambicanos contestam Mia Couto

    Em http://www.facebook.com/pages/Mia-Couto/298257536887970

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    Eusébio A. P. Gwembe Como moçambicano, não creio que tenha havido um esquecimento colectivo dos horrores da guerra, apenas o amor à paz tem sido maior que o ódio que ainda temos da guerra. Aliás, quando se pergunta por que estamos na cauda do mundo em matéria de desenvolvimento, a guerra é evocada como causa.
    há 2 horas • 1
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    José de Matos Eusébio A. P. Gwembe, tudo bem mas justificarmos que estamos na cauda em desenvolvimento por causa da guerra que terminou ha 20 anos é simplesmente absurdo.
    Manoel Carlos Pinheiro, eu era a favor de uma Comissao da Verdade, em nome da reconciliaçao entenderam que nao era
    necessario, o problema é que a paz continua fragil e ainda nao temos reconciliaçao total.
    Este tema merece uma reflexao profunda!
    há 2 horas • Editado • 2
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    Eusébio A. P. Gwembe Concordo consigo, José de Matos. Eu apenas quis refutar a ideia do Mia Couto, mostrando que as memórias da guerra estão presentes em nossas vidas.
    há 2 horas • 2

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  7. Suely Farah // 02/12/2012 às 3:53 am // Responder

    “E pra esquecer, nóis cantemos assim”:

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  8. Emilia de Morais // 02/12/2012 às 8:18 am // Responder

    Complementando comentário anterior. Ainda uma vez, dando a palavra a Mia Couto:
    Trechos da entrevista do Roda Viva, TV Cultura, em 10/07/2007, sobre a memória da guerra:
    Mia Couto: Eu acho que a condição de escritor tem de ser essa: não só pôr em ligação essas culturas, como os tempos. Portanto, o tempo da guerra, essa última guerra civil, é um tempo interdito em Moçambique, não se visita, não há memória dele, isso não é bom, [não é boa] qualquer coisa que não está resolvida. E o escritor tem, de fato, uma missão, e eu acho que o escritor não tem tantas missões como ele pensa [risos dos entrevistadores], mas provavelmente aqui está alguma coisa que ele pode fazer, que é convidar a visitar esse tempo, sem sentimento de culpa, sem o dedo acusatório. É isso que eu acho”.
    (…)
    Paulo Markun: Mia, no seu livro A varanda de frangipani, há uma frase de um personagem que diz o seguinte: “Sofremos a guerra, haveremos de sofrer a paz”. Eu queria saber como é que Moçambique sofre a paz.

    Mia Couto: Obviamente, agora que eu vivo em paz, eu penso que não há comparação possível, quer dizer, nós que vivemos 16 anos de uma guerra que foi o horror, nós não queremos nunca mais a guerra. Mas, obviamente, há aqui coisas que é preciso entender, que é: a razão dessa paz assenta sobre coisas que não conhecemos. Sabemos, e é por isso que se esqueceu o período da guerra, por isso que ninguém quer lembrar os demônios que estão naquela caixa escondida. E sabemos que há coisas que não estão resolvidas, profundamente resolvidas, e que deram também… foram parte da razão da existência da guerra: as desigualdades sociais profundas, a exclusão de grande parte do país, daquilo que é a visibilidade desse país, os mecanismos de participar no futuro do país, isso não está resolvido portanto. Eu acho que não há verdadeira paz enquanto isso não estiver feito. Agora, não há comparação… e aí eu não concordo com esse personagem [risos] – se é que é um personagem – ou não concordo comigo mesmo [risos].

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  9. Nara Rúbia Ribeiro // 02/12/2012 às 11:20 am // Responder

    Prezado Senhor,
    Seria interessante também fazer constar aqui, em nome do bom senso, os comentários dos Moçambicanos que não contestaram o Mia, em minha página no facebook. Abraço!

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  10. Nara, não costumo escrever com citações espertas. Se desejasse ocultar a extensão dos comentários, não teria informado o link.
    Mais: até onde pude notar, os moçambicanos que ali aparecem são os que eu citei. O que é fácil de descobrir pela grafia e sintaxe dos textos.

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